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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A Entrevista - Pontos de Reflexão

 A Entrevista é uma conversação entre duas ou mais pessoas (o entrevistador e o entrevistado) em que perguntas são feitas pelo entrevistador para obter informação do entrevistado. in Wikipédia

Para Bingham e Moore; (1924) a entrevista é uma conversa com um propósito intencional. Ghiglione e Matalon; (1997) referem que a entrevista é um encontro interpessoal que se desenrola num contexto e numa situação social determinados, implicando a presença de um profissional e de um leigo. Por fim, Ketele; (1999) defende que a entrevista é um método de recolha de informações que consiste em conversas orais, individuais ou de grupos, com várias pessoas seleccionadas cuidadosamente, cujo grau de pertinência, validade e fiabilidade é analisado na perspectiva dos objectivos da recolha de informações.”                   

O processo de preparação de uma entrevista deve requerer algum tempo disponível de forma a adequar um determinado tipo de entrevista a um determinado estudo.

O investigador deve proceder à caracterização das entrevistas quanto ao número de sujeitos inquiridos. Dependendo do número de sujeitos inquiridos procede-se à aplicação de um determinado tipo de entrevista.

O investigador pode realizar ma entrevista individual em que existe um único participante. A entrevista individual tem como objectivo recolher informação sobre o entrevistado, podendo não seguir uma estrutura rígida No caso de pretender realizar uma entrevista com várias pessoas, mostrando perspectivas diferenciadas economizando tempo, pode aplicar uma entrevista em grupo. A entrevista em grupo tem como objectivo recolher informação de vários participantes e características comuns


No caso proceder a uma entrevista social, o investigador pode obter uma entrevista mais informal e descontraída em que uma pessoa ou um grupo avalia e forma uma opinião acerca de um ou mais indivíduos.

O estudo pode ainda seguir o conceito de uma entrevista por painel em que uma pessoa é questionada por vários entrevistadores.


 
Segundo Paulo Castro Seixas as entrevistas podem diferenciar-se relativamente aos temas em análise.

n  ENTREVISTA NÃO DIRECTIVA: À partida, não tem guião, implica o respeito absoluto pela própria visão do entrevistado. Não é objecto de manipulação, o entrevistado é capaz de expor os seus próprios problemas, e a ele cabe encontra-lhes solução. Não há muito diálogo, porque o entrevistador ouve muito mais do que o que fala. As intervenções do entrevistador limitam-se a meras interjeições, para ajudar o entrevistado a continuar a falar. São mais recomendadas para estudos exploratórios, são mais vocacionados para assuntos de caris psicológico. Perde em termos de extensividade, porque na prática não pode ser aplicado a muita gente. Ex. História de vida. (ent de aprofundamento e ent. de exploração).

n  ENTREVISTA SEMI-DIRECTIVA: Já tem guião, com um conjunto de tópicos ou perguntas a abordar na entrevista. Também dá liberdade ao entrevistado, embora não se deixe fugir muito do tema. O guião pode ser memorizado ou não memorizado. Tem a vantagem de falar dos assuntos que se quer falar com maior liberdade e rigidez para o entrevistado. Apanham-se dados quantitativos.(ent. de aprofundamento e ent. de verificação).

n  ENTREVISTA DIRECTIVA: consiste na abordagem de temas às questões previamente determinadas e que são consideradas importantes para os objectivos do trabalho. Visa determinados objectivos de trabalho e procura o apuramento de determinados factos. As perguntas são mais estruturadas e são ordenadas. É mais rápida, e daí é mais  extensiva, pode-se perguntar a mais gente.(ent. de verificação).

Quanto à estruturação distinguem-se os seguintes tipos de entrevistas:           


Etapas na elaboração do guião de entrevista:
(Fonte:http://nap-investigacao.wikispaces.com/file/detail/MI_RE_6A.ppt)

1. Descrição do perfil do entrevistado (nível etário, escolaridade, nível socio-cultural, personalidade,...);

2. Selecção da população e da amostra de indivíduos a entrevistar;

3. Definição do propósito da entrevista (tema, objectivos e dimensões);

4. Estabelecimento do meio de comunicação (oral, escrito, telefone, e-mail, …), do espaço (gabinete, jardim, …) e do momento (manhã, duração, …);

5. Discriminação das características para o guião:
5.1. Elaborar perguntas dos itens, de acordo com o definido nos pontos anteriores;
5.2. Formular perguntas abertas (O que pensa de...?) e fechadas (Gosta de...?);
5.3. Evitar influenciar as respostas;
5.4. Adequar as perguntas ao entrevistado, seleccionando um vocabulário claro, acessível e rigoroso (sintaxe e semântica).

6. Produção do guião com boa apresentação gráfica;
6.1. Redigir o cabeçalho com identificação (instituição, proponentes, título, data)
6.2. Incluir uma apresentação sucinta da entrevista, incluindo os objectivos;
6.3. Alinhar as perguntas na vertical e com espaçamento ajustado;
6.4. Utilizar tipo de letra legível, parágrafo justificado, e, eventualmente, imagens à direita do texto;

7. Validação da entrevista pela análise e crítica de especialistas no tema.

Links Consultados:



Links consultados



sábado, 19 de novembro de 2011

Análise de "O papel da Internet no processo de construção de conhecimento" de Cidália Neto (2006)

Após a análise da dissertação de Mestrado de Cidália Neto (2006) intitulada O papel da Internet no processo de construção de conhecimento reflecti sobre a sua metodologia de recolha de dados. Sendo um processo de investigação científica, na décima terceira página, a autora apresenta os objectivos do estudo e a sua pertinência para a sociedade actual:

·         Verificar as condições de acesso à Internet (professores e alunos).

·         Caracterizar a relação de professores e alunos com a Internet, numa perspectiva comparativa.

·         Analisar as representações dos dois grupos, no que respeita à Internet e ao seu papel na sociedade, em geral, e na educação formal, em particular.

·         Averiguar a forma como os alunos realizam uma pesquisa na Internet.

Cidália Neto (2006) refere que o seu estudo visou dois tipos de sujeitos, professores e alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico e em que pode

·         Verificar a facilidade de acesso (ou não) à Internet.

·         Apurar as razões de uma fraca navegação na Internet (se for o caso).

·         Verificar a frequência de acesso à rede.

·         Identificar os interesses que motivam o acesso à rede.

·         Caracterizar a relação dos dois grupos com a Internet, em termos técnicos.

·         Identificar as representações que os actores educativos têm acerca dos conteúdos presentes na Rede e sua organização.

·         Verificar o grau de importância atribuída à Internet.

·         Aquilatar o grau de confiança relativamente aos conteúdos que circulam na Internet.

·         Comparar as perspectivas e práticas dos dois grupos alvo”. (Cidália Neto:2006:p.74)

A autora avançou mais ainda nos objectivos colocados aos professores pretendo: “Caracterizar a relação dos alunos com a Internet, sob o ponto de vista dos professores, em termos técnicos e cognitivos e Verificar se os professores ajudam os alunos nas suas pesquisas realizadas na Internet”. (Cidália Neto:2006:p.75)

No que concerne aos passos que estiveram subjacentes à construção do questionário a autora apenas refere que irão ser utilizados dois questionários, um para aplicar aos professores e outro para aplicar aos alunos mas não é explicitado nenhum tipo de forma de enunciação administração, apresentação do questionário. Contudo caracteriza claramente a amostra referindo que a sua investigação terá lugar em três escolas do Distrito do Porto (Escola Secundária de Lousada; Escola Básica 2,3 da Agrela e Escola Secundária de Felgueiras) e duas Escolas dos distrito de Bragança (Escola Secundária de Carrazeda de Ansiães e Escola Básica 2,3 de Vila Flor.  Na caracterização da amostra é mencionada a aplicação de  110 questionários nos docentes e 350 questionários alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico “A faixa etária dos alunos inquiridos situa-se entre os 13 e os 15 anos, frequentando todos o oitavo e o nono anos de escolaridade”. (Cidália Neto:2006:p.66)

Cidália Neto (2006) não clarifica o método usado na definição da amostra. Segundo Alda Pereira, Investigação e métodos quantitativos, permito-me afirmar que a autora segue uma amostragem não probabilística, uma vez que a selecção dos sujeitos não é realizada de forma aleatória. Para definição da amostra parece ter pesado a vontade dos professores em colaborar nos inquéritos com os alunos e colegas e a existência de computadores com acesso à internet para uso dos alunos. A amostra representa-se a si própria propiciando uma baixa representatividade da amostra da população. Parece claro que a autora usa uma amostra por conveniência colocando até em causa o seu estudo. Será que este estudo se poderá aplicar a uma amostra no Norte, Centro e Sul do país obtendo os mesmos resultados? Poerá haver uma generalização dos resultados?

No seguimento do seu processo de investigação a autora sujeita o seu questionário a uma validação prévia referindo: “A fim de validar o questionário, foi elaborada uma primeira versão e submetida à apreciação de 20 alunos e 10 professores. As dificuldades, dúvidas e sugestões dos intervenientes permitiram corrigir aspectos de forma e conteúdo. Assim, foi reformulada a redacção das questões 11 e 12 e acrescentados tópicos às opções da pergunta 12”. (Cidália Neto:2006:p.66)

No capítulo da explicitação da metodologia usada há indicações sobre o modo de tratamento dos dados obtidos com a aplicação do questionário Cidália Neto refere: Os dados foram tratados e analisados tendo em vista os objectivos de investigação previamente definidos. Para análise estatística recorreu-se ao programa de computador Excel, sendo os resultados apresentados, sempre que útil, na sua perspectiva percentual. ”. (Cidália Neto:2006:p.67)


Fluxogramas e métodos de investigação